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Um pedido de Natal

15/12/2009 15:26

 Luíza olhava fixamente para a foto que segurava entre seus dedinhos curtinhos de criança. Que saudade sentia da mãe! A lembrança do último abraço que lhe dera era tão forte que bastava fechar os olhos para sentir novamente os braços da mãe envoltos nela.

Não passava um dia sem que sonhasse com a mãe, e que não corresse atrás da avó com uma porção de perguntas sobre seu regresso.

No começo do ano foi que partira, para trabalhar no Rio de Janeiro. O emprego favorecia a situação difícil em que a família se encontrava. Mas a despedida que se sucedeu quase a fizera desistir de tudo. 

Luíza era muito pequena, precisava da mãe, e não podia entender a necessidade de sua viagem. 

Chorara muito, sofrera, mas exatamente por pensar no bem da filha é que a mãe conseguira disfarçar o desespero e a vontade de ficar para enfim partir.

Tudo isso rondava a cabecinha de Luíza enquanto olhava para aquela foto, sentada num banquinho no quintal da casa da avó, com quem morava. 

A avó passou por ela trazendo uma muda de roupas para estender no varal. Sentiu-se tocada pela cena. Sabia o quanto Luíza sentia falta da mãe. Fez-lhe um cafuné, e seguiu adiante.

- Vovó, a mamãe virá para o Natal?

A mulher enxugou as mãos no avental, e engoliu a angústia. Fazia semanas que a filha não lhe dava notícias.

- Vou tirar as bolinhas vermelhas do armário porque mamãe gosta de enfeitar a árvore com elas.

O coração da avó estava penalizado! Segurando as lágrimas, ela se aproximou da neta e beijou-lhe a testa.

- Luíza, lembra que eu te disse para orar a Deus por tudo o que você precisar?

- Sim, vovó.

- Então. Ore a Deus para que a mamãe chegue até o Natal.

Uma esperança brotou nos olhinhos inocentes daquele anjinho, que abraçou apertado a avó, agradecendo-lhe por aquela brilhante idéia.

E todos os dias, antes de dormir, Luíza sentava em sua cama olhando para o céu pela janela do quarto e dizia:

- Meu Papai do céu, eu e a vovó estamos muito tristes sem a mamãe por aqui. A vovó chora às vezes e eu escuto, mas eu também choro de saudade da mamãe! Por favor, traz a mamãe pra casa pra ela parar de dar saudade na gente. Amém! Ah, aqui é a Luíza que tá falando. A vovó disse que o Senhor conhece todo mundo, mas eu achei melhor avisar.

Os dias foram se estendendo, até o chegado dia 20. 

Luíza estava muito contente diante da proximidade do Natal. O que mais a deixava animada era a esperança de reencontrar a mãe. Já havia espalhado pela vizinhança que a mãe estaria em casa para as festas de fim de ano. Tinha a certeza em seu interior que Deus já tinha providenciado tudo, e agora ela apenas reunia as energias para agarrar-se à mãe quando chegasse, e enchê-la de beijos.

Mas a avó estava preocupada com o comportamento da neta. Não sabia o que dizer aos vizinhos quando a questionavam sobre a volta da filha para as comemorações em família. Sentia-se culpada por iludir a criança, mesmo que a circunstância não lhe desse mais alternativas.

Já era dia 20, e nenhuma notícia da mãe de Luíza! Como contar à menina que sua mãe não voltaria para o Natal? Não podia destruir a fé de uma criatura tão ingênua e pura!

Luíza dormia, e sua avó a observava angustiada. Nesse instante, o telefone tocou. A mulher estremeceu de alegria ao ouvir a voz do outro lado:

- Mãe, diga à Luíza que eu volto para casa amanhã!

A notícia foi recebida com muita euforia pela menina, que se pôs a pular e rir de alegria. A avó vibrava junto, surpresa e emocionada diante da fé gigantesca da criança.

Naquela noite, Luíza mal conseguira dormir. Dali a algumas horas ela estaria de novo nos braços da mãe! Apenas ficou repetindo, com muita alegria: “Obrigada meu Deus!”, até que adormeceu.

Poucas horas antes da chegada da mãe, Luíza já estava arrumada. Sentada no sofá fitava a porta da entrada quase sem piscar. Balançava os pés sentindo uma coisa estranha que nem imaginava ser ansiedade. A avó a assistia da cozinha e sorria. 

- É no ônibus das dez horas que a mamãe chega. – Luíza lembrou a si mesma.

Um alvoroço na rua chamou a atenção de ambas. A avó saiu para ver o que estava acontecendo e Luiza a seguiu.

Os vizinhos olhavam-nas pesarosos. Alguns desatavam a chorar, murmurando coisas do tipo “Que tragédia!”, “O que será desta menina agora?”.

A avó percebeu que o que tinha acontecido as envolvia. Sentiu o coração apertar ao ver uma amiga se aproximando em prantos, pedindo que tivesse calma para lhe escutar.

- Você assistiu o noticiário hoje? 

- Não. O que está havendo? – perguntou aflita.

- O ônibus em que chegaria a mãe de Luíza derrapou na serra.

Pelo olhar que a amiga lançara ao dizer a última frase, ela pôde entender. Não ouviu mais nada. Tudo girou por alguns segundos. Foi amparada por quem estava perto. Viu o céu clareando novamente diante dos olhos. Encarou a multidão de pessoas ao seu redor enquanto se recompunha, e avistou a neta, que estava assustada, mas não entendia o que estava acontecendo. Tinha de ser forte por Luíza! Como lhe contar? Como lhe explicar esta tragédia? Que dor terrível lhe era frustrar os sonhos da criança! Mas tinha que lhe dizer! Seria pior mentir.

Tomou-a pelas mãos, e sentou-se à sua frente na sarjeta da calçada. Toda a vizinhança em volta chorava. Luíza estava muito assustava por ver a reação das pessoas, e a cara triste que a avó estava fazendo.

- Vovó, o que foi? – perguntou com medo.

- Luíza... – começou a avó, tentando não chorar.

- Não chore, vovó! A mamãe já está chegando! – disse a menina, buscando consolá-la.

O desespero das pessoas se multiplicava diante da cena. A menina ainda esperava pela mãe; ainda tinha viva toda a esperança que pudesse caber no seu pequenino coração!

- Luíza... – a avó tentou pela segunda vez.

- Vovó, tá tudo bem! Lembra que você me ensinou que devemos acreditar mesmo que ninguém acredite? Deus vai trazer a mamãe!

Neste momento, um táxi estacionou na esquina. Mas estavam todos ocupados com seu desespero e incredulidade, e não perceberam.

Luíza escutou alguém correndo ladeira acima e olhou para o lado. Só foi o tempo da mãe pegá-la nos braços e levantá-lo no ar, chorando de alegria.

- Mamãe! – gritou com felicidade.

A avó levantou-se depressa e uniu-se a elas num gostoso abraço. Choraram de alívio. Choraram pela emoção do reencontro.

As pessoas em volta estavam boquiabertas. Tanto já tinham previsto o pior que muitas demonstravam despeito em comemorar o final feliz.

- Vi todas essas pessoas aqui na frente de casa, e senti um medo terrível de que algo tivesse acontecido a vocês. – disse a mãe de Luiza. – Larguei as malas pela rua e corri.

A avó olhava para Luíza com uma profunda admiração. Ela não duvidara nenhum minuto! E o milagre acontecera. O milagre de uma fé genuína!

- Filha, quando me contaram que o ônibus em que você chegaria derrapou na serra, eu fiquei desesperada!

- Não sei explicar mãe, mas algo me incomodou para fazer as malas e partir no primeiro ônibus. Era uma sensação tão forte que eu não pude ignorar. E que bom que não o fiz! – concluiu, dando um beijo na bochecha de Luíza.

- Eu sabia que você estava chegando, mamãe, porque eu pedi a Deus e senti que Ele me atendeu! Então eu me adiantei e tirei as bolinhas vermelhas do armário. Vamos montar a árvore agora?

A mãe apertou-a junto de si com amor, e respondeu: - Vamos sim, minha pequena missionária!

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